Aqui há uns tempos a On Spot magazine publicou uma entrevista que aqui reproduzimos:
Como e quando surgiram?
RC - Na minha opinião, isto é, falando pessoalmente no meu caso pessoal, tenho para mim que, no que me diz respeito, acho que envolveu um relacionamento de tipo sexual entre os meus pais há décadas. Mas confesso é um aspecto algo íntimo e desconfortável de que nunca gostamos de falar explicitamente ao jantar ou em momentos familiares como noites de consoada. No caso do Francisco, acho que ele surgiu dentro de um repolho trazido de Paris por uma cegonha. Imigrante, tázaver? Daí o sotaque.
FF - Merci, Rui. Quanto aos Terylene, nasceram do meu cansaço das passereles. Tirei à sorte se agora me ia tornar escritor, actor ou cantor. Perdi. O Rui entrou porque não havia dinheiro para um daqueles sintetizadores que tocam os acompanhamentos sozinhos.
Para quem nunca vos ouviu, como se descrevem?
RC - Por escrito. Respeitamos muito a comunidade surda.
FF – Um palmo de cara e mais um gajo que está lá atrás até haver dinheiro para um daqueles sintetizadores que tocam os acompanhamentos sozinhos.
Há espaço para bandas como a vossa no mercado português?
RC - Acho que sim, porque somos só dois; precisamos de um palco pequenininho. Muito mais espaço ocupa o coro de Santo Amaro de Oeiras.
FF – E agora imagina só um gajo com um sintetizador daqueles que tocam os acompanhamentos sozinhos.
Podemos dizer que vocês tocam para as nossas avós? Ou este segmento musical também é ouvido pelos mais novos?
RC - Podem, mas digam-lhes isso com jeitinho. O nosso segmento musical é escutado até por cães enviados de propósito de Inglaterra.
FF – O departamento de marketing dos Terylene é da opinião de que a maioria das nossas avós já morreu. Estamos portanto a direccionar-nos para um target mais jovem, o que traz vantagens: a malta pensa que o “Stormy weather” e a “Garota de Ipanema” são músicas feitas por nós.
Podiam-nos contar alguns episódios engraçados que vos tenham acontecido durante esta aventura musical?
RC - Houve uma vez uma revista que nos mandou umas perguntas para a gente responder. Aquilo é que foi rir.
FF - Também houve aquela vez em que o bar estava apinhado de gente e os da frente pediam-me “Ó Manel João, canta aí a “Marilú”, pá!”
Está no horizonte dos Terylene editarem algum álbum?
RC – Daqui donde estou sentado, só vejo um poste e uma mata.
FF - Sim, talvez um duplo ao vivo, mas só quando sair a lei a proibir esta moda de se ir buscar músicas à net e voltar a valer a pena editar discos daqueles com capa e tudo.
Porquê Terylene e não Fazenda ou Bombazina?
RC - Fazenda, não podia ser, porque somos muito urbanos e não sabemos nada de hortas, pomares, e assim. Mesmo de finanças sabemos pouquíssimo. Depois do 11 de Setembro, Bombazine era de muito mau gosto. Além disso, somos contra a ETA e contra o IRA.
FF – Ó Rui, a gente tinha combinado que não se metia em políticas.
Actualmente o que ouvem em casa ou no carro?
RC - Eu em casa ouço o cão do vizinho que está sempre a ladrar, a ladrar, o raio do cão que não há meio de se calar. No carro, tenho um problema no escape que ainda hei-de mandar arranjar esta semana. Mas como é que você sabe estas coisas? Estes paparazzi descobrem tudo…
FF – Em casa ouço a minha mãe e no carro aproveito para um merecido descanso. Mas às vezes ligo o rádio e estão a dar anúncios. Os gajos falam muita depressa e no fim dizem que não dispensa a leitura do prospecto. E também tenho uma cassete com o “Opus gay” dos Ena Pá 2000.
Querem deixar alguma mensagem aos leitores da On Spot?
RC - Sim, claro. Tudo pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. Deixo agora ou espero pelo sinal?
FF – Queria aproveitar para juntar ao interessante conteúdo informativo da On Spot esta mensagem: “Nós não somos os Ena Pá 2000".
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